Recanto:


"A única verdade é que vivo.
Sinceramente, eu vivo.
Quem sou?
Bem, isso já é demais...."

Clarice Lispector

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Quando pratico o bem, sinto-me bem, quando pratico o mal, sinto-me mal. Eis a minha religião. Abraham Lincoln


" Há quem possua tesouros em ouro e prata.Os meus são de carne e ossos....Rafael e Guilherme...ambos com brilho e valores excepcionais. "Peta Andrade




quarta-feira, 6 de abril de 2011

ARTIGO DE OPINIÃO

                  Por uma cultura anti-bullying 

 Um exército de indefesos anda perdido pelas ruas de nossas cidades. Vítimas de uma cultura da prepotência sofrem todo o tipo de preconceito. Espaços públicos que deveriam favorecer a convivência sadia, acabam por escancarar nosso  jeito, marcando  de uma forma recorrente, pessoas a quem   transformamos  em  vítimas do silêncio. O bullying precisa ser visto como um sintoma. 
  Quem de nós, em algum momento de sua história, já não foi cobaia da mediocridade de alguém ou de grupos? Quantas vezes, quase sem querer, deixamos escapar aquela expressão que revela o preconceito que mora dentro de nós?  O bullying não escolhe espaço para se desenvolver. Condutas recorrentes são aquelas que sistematizam a prática do preconceito. Aquela garotinha gorda passa a ser a bola da vez daquela sala de aula onde é transformada na cobaia da gozação, momento após momento. Chega o tempo em que ela solicita a seus pais para não ir mais a escola. Alega dores e outras razões. Essa história se passa em todos os lugares, não escolhendo classe social.
  Crescemos ouvindo a importância da palavra respeito. Vivemos cercados por exemplos que desmentem a tese. Fala a cultura da masculinidade que nega o direito de escolhas diferentes. O preconceito sexual é uma afronta ao próprio conceito da palavra liberdade.  Cada um de nós  sabe como isso se processa, por exemplo,  num ambiente de trabalho ou em rodas sociais. A ironia e o riso zombador escancaram a marginalização. As chamadas vítimas do silêncio não encontram defensores. Seus algozes fazem parte da massa dos indiferentes.  Quase todos eles, acabam reforçando a posição dos agressores. O complicado nesse ato pedagógico é o desafio em perceber que o agressor também é vítima de sua própria ação. Não desconfia ele, que o aplauso vazio da hora, poderá se transformar na exclusão num outro lugar.
  Estamos engatinhando no Brasil sobre as lições da cultura do bullying.  Temos muito para aprender com aquilo que chega das casas, das salas de aula e dos ambientes de trabalho.                  Precisamos diferenciar a brincadeira da hora, do preconceito massacrante. Garotos e garotas, marcados pela exclusão da zombaria, levam para suas vidas experiências humanas onde  tudo   é medido  pelo tamanho do peso, da cor da pele, da escolha sexual , dos níveis de intelectualidade, do tipo de roupa ou do padrão de beleza definido.  Onde iremos parar com essa xenofobia? Quando descobriremos que temas como o bullying não pode mais ser tarefa apenas de alguém ou de um momento esporádico?  Quando aprenderemos que lutar a favor do respeito às diferenças é um legado de educação para toda a vida? 
  A civilidade exige o respeito a todo o ser humano. Adultos e instituições não podem se omitir diante da tarefa da criação de um clima sadio e solidário, onde as regras sejam pautadas pelo direito que todos possuem em aprender o significado da palavra respeito. Dominar tecnologias e apropriar-se do conhecimento compromete a formação do aprender a ser e a construção de laços de convivência, construídos no respeito e na proteção da integridade de todos, em especial, os que formam o exército dos vitimizados.
  O desafio pedagógico, em qualquer lugar, é a educação da massa dos indiferentes. Aqui está um dos nós da educação.

                                                                           Carlos Alberto Barcellos